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"Meu pior dia na Imigração" - Por Talitha Vergara

A psicóloga e Imigrante Talitha Vergara já é conhecida por quem acompanha este blog. Ela nos conta qual foi seu pior dia como imigrante e sua experiência com isso, e o fator principal que é o quanto uma experiência ruim pode nos dar força para continuar e seguir em frente com nossos sonhos. As experiências ruins servem como um aprendizado para termos maiores chances de sucesso nas nossas próximas tentativas.


Confira o trecho e boa leitura!



"Eu me lembro bem, ainda estava no começo do processo de imigração e eu me sentia completamente perdida. Na verdade, até aquele momento, não havia entendido o que eu estava fazendo ali. Sentia falta de tudo e de todos. Desde a falta de poder ir na padaria da esquina e comprar um pão francês até a falta mais obvia que um imigrante sente, a da sua família.

Estávamos vivendo em Buenos Aires há dois meses e eu precisava encontrar um apartamento para gente morar definitivamente. Tudo era feio, caro e eu não me sentia em casa. Aliás, sentia falta também da minha casa que eu tinha abandonado. Era um dia frio, chuvoso, cinza e eu resolvi que aquele dia ia resolver essa situação. Fui até uma imobiliária e até hoje não sei descrever o que mais me incomodou, se foi a cara com que me olharam quando entrei ou o olhar de reprovação quando tentei falar espanhol e o senhor do outro lado da mesa me disse: no puedo compreender lo que dices. Me calei. Eu queria abrir um buraco e sumir, eu não queria estar ali, queria estar em casa. Tentei disfarçar, mas como você pode imaginar não consegui “fechar o negócio” (a Argentina é tão complicada para aluguel que valeria um texto a parte).

Fui embora e até esse momento este tinha sido o dia que havia me sentido mais deslocada fora de casa. Eu não pertencia àquele lugar e não conseguia fazer algo relativamente simples, como alugar uma casa. Quando cheguei em casa decidi olhar para aquele dia e perguntar: o que foi que eu aprendi hoje? Consegui levantar algumas coisas:

  1. Meu espanhol não seria como o dos nativos, mas não posso me considerar um fracasso todas as vezes que encontre alguém de mal humor, tentando jogar seus fracassos em mim.

  2. Tinha que mudar minha postura de olhar o tempo todo o que estava me faltando e aceitar que essa era a minha nova realidade.

  3. Minha postura de vítima não me ajudava a conquistar o que eu queria.

E assim foi que eu transformei esse desconforto em aprendizagem. E você, qual foi seu dia mais difícil na imigração? Você já se perguntou o que ele te ensinou?"


_________ Talitha Vergara

Psicóloga e Imigrante

Instagram: @talivergara

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