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Brasileiros em Nova York: Experiência de Brasileiro para te inspirar


Quem não gosta de uma boa história de imigrante, não é mesmo? A nossa equipe, particularmente, adora ouvir histórias sobre trajetórias de imigrantes e trazer para você se inspirar.

Hoje com 53 anos, Luiz chegou em Nova York com visto de turista, quando foi convidado de forma inesperada para ocupar o cargo de diretor de música de uma pequena igreja em Astória, Nova York.

Viver em New York é o sonho de boa parte dos brasileiros, já que a cidade oferece alguns dos melhores restaurantes, museus e parques. Além das inúmeras opções de entretenimento e cultura. Para se ter uma ideia, 200 línguas diferentes são faladas na cidade e 50% dos nova-iorquinos falam em casa outra língua que não o inglês.



Confira agora na íntegra a entrevista com a história inspiradora de Luiz R. Paes:

1 - Brazil Lines - Qual o seu nome completo, idade e profissão?

Luiz - Luiz R. Paes, 53 anos, Administrador de Banco de dados por formação e pastor de crianças, juniores e adolescentes por vocação.

2 - BL - Por que você se mudou para os EUA - Nova York? Qual foi o seu motivo?

Luiz - Impulsionado por sonhos que tive durante anos de faculdade 1998-2002 que seria um missionário independente em outro país, achei que a porta de entrada seria pela atividade professional na área de tecnologia da informação que já estava executando há 10 anos no Brasil. Estive em Nova York em 1998 por apenas 3 dias de forma não planejada, estava participando de um congresso de 14 dias em Toronto-CA e o grupo resolveu que os que conseguissem visto de entrada nos EUA poderiam optar por esta ponte e apenas 3 conseguiram ir, nesta data estava bem empregado no Brasil e iniciando minha faculdade de análise de sistemas, naqueles 3 dias em NYC não achei nada atrativo, pelo contrário muitas luzes, movimento de pessoas, mas senti um grande vazio de proposito na cidade. Uma voz falava comigo e por muitos anos ache que a minha própria hoje depois de 18 anos em NYC sei que a voz de Deus que mansamente me perguntava: Que tal você ficar nesta cidade? Isto foi em 1998, em maio de 2003 eu estava embarcando para EUA sozinho, com um convite de um pastor amigo em New Jersey.

3 - BL - Como você se sentiu no começo? Quais problemas você enfrentou?

Luiz - Comunicar de forma correta foi e tem sido uma das maiores barreiras. Aprender a língua é fundamental, mas isto não nos garante que seremos bons comunicadores estamos aprendendo uma outra cultura que as vezes é muito detalhista em como fazer as coisas de forma correta enquanto não liga muito para como você se sente ou o que você pensa a respeito disto, e temos que considerar que os problemas que tínhamos de comunicação em nossa língua nativa serão amplificados em outra língua e cultura.

4 - BL- Como você se virava no início?

Luiz - Observando os casos de sucesso que poderiam me ensinar alguma coisa boa que pudesse ser reproduzido sem que eu tivesse que negociar meus princípios cristãos e meu relacionamento pessoal com Deus.

Abraçando oportunidades com humildade, como tarefas de limpeza, construção, engraxate e motorista ainda que estivessem muito longe das tarefas que executei no Brasil. Eu sabia que aquelas tarefas apenas eram um teste de humildade, adaptabilidade e resistência.

Construindo pontes seguras de relacionamentos

5 - BL - E as barreiras com a língua, você já falava inglês ou aprendeu aí?

Luiz - Comecei vários cursos de inglês no Brasil, mas por fim fiz um programa completo no Wisdom por 2 anos. Cheguei falando e as pessoas me perguntavam se eu era britânico, porque eu falava eles me entendiam, mas eu não entendia nada a resposta deles. Eu ficava extremamente cansado em ouvir o noticiário em inglês e compreender muito pouco o que acontecia nos EUA, mas com perseverança e tempo essa deficiência foi diminuindo, porem entender com rapidez um diálogo em horas de comunicação, depende de vários fatores como velocidade da fala, sotaque e se você não está com a mente e corpo muito cansados para um diálogo em inglês.

6 - BL - Que tipo de visto você e sua família tem? O processo para conseguir foi difícil?

Luiz - Cheguei com visto de Turista B1/B2, com 3 meses nos EUA fui inesperadamente convidado para ocupar um cargo de diretor de música em uma pequenina igreja brasileira em Astoria, Nova York, que eu nunca havia tido contato ou conhecimento antes, e a música instrumental sempre foi um hobbie, nunca fui músico profissional, mas sempre utilizei a música como uma expressão de arte e forma de adorar e comunicar com Deus, porém nunca esteve em meus planos imigrar através da música. Então após 3 meses obtive o visto R1 como trabalhador religioso, foi quando puder aplicar para minha esposa que estava no brasil para ela obter um R2 como minha dependente. Hoje eu e minha esposa já possuímos a cidadania americana, mas posterior ao visto R1, fui estudante por um ano e apos obtive o green card que mantive por 10 anos até obtenção da cidadania americana. O caminho correto é sempre o mais seguro, mas não representa o mais curto e nem mais fácil.

7 - BL - Como foi a receptividade do povo nova-iorquino? Eles são abertos aos estrangeiros ou são mais fechados?

Luiz - O nova-iorquino é um mix de imigrantes com culturas diversas do mundo todo, em uma pesquisa estimasse que são falados mais de 800 línguas e dialetos em NYC. Eu diria que há uma maior receptividade quando você executa trabalhos manuais que os americanos natos não gostam de fazer, porem torna-se mais restritivo quando há disputa direta por trabalhos que americanos gostam de fazer e que são bem remunerados. Cada cultura colabora para a formação de um clã e este por sua vez pode influenciar na receptividade e integração do imigrante em determinado setor social. Ou seja quanto mais unido são imigrantes de determinada cultura esta então consegue penetrar em camadas mais altas da sociedade local, e proporcionar maior abertura e oportunidade ao imigrante da mesma nacionalidade.

8 - BL - Como foi o processo pra você encontrar moradia (casa/apartamento) aí?

Luiz - Como morador de cidade com menos de 3 milhões de pessoas que seria Curitiba aprendi a nova regra das grandes metrópoles. Procure trabalho e depois moradia senão o deslocamento pode cansar mais do que o trabalho. O segredo e o networking social nos EUA bons trabalhos e dicas de moradia são passados por networking, pessoa a pessoa. O fiador é substituído por meses de aluguéis antecipados e a palavra é mais valorizada do que propriamente o papel, por isto importante uma boa dica de um amigo conhecido, porém a cultura é ninguém fala por ninguém, temos que falar por nós mesmos. Morar sozinho custa caro, melhor procurar um quarto que dependendo do bairro pode ficar entre $700 a $1000 mensais. Enquanto aluguel de apartamento com 1 quarto para 2 pessoas a partir de $1600.

9 - BL - Como é a sua rotina? Você trabalha ou estuda?

Luiz - Ano passado terminei um mestrado de 3 anos na área de banco de dados e atualmente tenho um trabalho de 40 horas semanais em empresa de tecnologia americana e continuo em tempo parcial em uma fundação cristã como mentor de crianças, juniores e adolescentes uma durante a semana e nos finais de semana.

10 - BL - Como são as questões relativas à segurança, saúde e educação por aí?

Luiz - Segurança é o grande diferencial, mulheres podem andar sozinhas e desacompanhas a noite sem serem atacadas ou roubadas, meu carro fica estacionado na rua e no outro dia está lá sem ser tocado, não há arrombamento de casas ou furtos em transportes públicos, apenas a segurança é abalada por eventos fortuitos de pessoas armadas com problemas psicológicos, mas posso dizer que moramos em uma cidade segura em que pode ocorrer eventos fortuitos que irão abalar a segurança local.

Saúde é algo que pode custar muito caro dependendo da situação do imigrante. Cada estado tem planos e opções diferentes, no caso de NY qualquer imigrante pode aplicar para um seguro saúde e pagar conforme a renda declarada. O valor a pagar dependera de número de dependentes, renda e tipo do plano. Quem ganha mais pagará mais, atualmente para ganhar plano de saúde pelo governo a renda tem que ser de até $14 mil dólares por ano por pessoa, o que tornaria a vida impossível em uma cidade com custo de vida elevado como NYC. Em médios planos de saúde custam em torno de $300 a $ 800 por mês.

Educação existem escolas privadas que podem custar até $40 mil dólares por ano ainda no ensino primário e ginasial estas são para famílias que desejam colocar seus filhos (as) em Universidades de Harvard, mas há opção de escola pública gratuita para primário e ginásio e qualidade dependerá em qual bairro está implantada. Ensino público para Universidades não significa que será gratuito, porém o custo é bem inferior do que uma Universidade privada, para a realidade NYC isto seria em torno de $6 mil dólares por ano. Outro fato importante é que as notas do segundo grau (high school) formarão um score final conhecido como GPA onde o valor máximo é 4 e isto que definira em quais faculdades o estudante poderá ser aceito e quanto terá de bolsa auxílio.

11 - BL - O que você mais gosta, que mais te surpreendeu, aí no EUA?

Luiz - Existe mais igualdade, o pobre pode ter um carro, pagar aluguel e frequentar os mesmos restaurantes que os ricos, claro em menor frequência. A aparência é o que menos conta, você pode estar ao lado de um milionário, que anda com calca meia canela, sapato surrado e aparência simples.

12 - BL - Qual a sua visão da vida em geral do EUA? É mais corrida ou mais tranquila do que no Brasil?

Luiz - Cidades menores são mais tranquilas porem as opções são menores e as vezes até monótonas. Já nas cidades grandes como NYC que possui mais de 8 milhões de habitantes, vivemos acelerados porque há muitas opções para uma vida só. Acredito que temos que equalizar as opções com o padrão de tranquilidade que desejamos.

13 - BL - Como você compararia a sua vida no Brasil e no EUA?

Luiz - Relacionamentos no Brasil são mais rápidos e intensos enquanto isto demora mais para construir nos EUA porem são mais duradouros porem em menor intensidade.

Vida material no Brasil vivíamos com foco para manter necessidades primarias básicas, como alimentação, segurança, transporte e moradia, enquanto a vida nos EUA o foco está nas secundarias como pertencimento, autoestima e auto realização.

14 - BL - Além dos amigos e familiares, o que você mais gosta e sente falta do Brasil?

Luiz - O clima que é maravilho, a comida e a capacidade do brasileiro improvisar saídas e soluções que está arraigado em nossa cultura devido grande nível de flexibilidade e adaptabilidade, o jeitinho brasileiro nem sempre cabe, mas as vezes pode ser uma boa saída para eliminar o excesso de burocracia.

15 - BL - Você vem com regularidade ao Brasil? Já voltou alguma vez após a mudança?

Luiz - Sim já fui várias vezes ao Brasil depois que obtive o green card, que demorou 7 anos. Mas depois que comecei meu mestrado não fui ao Brasil por questão de custos, mas minha esposa vai todos os anos e chegamos à conclusão de que um de nós deve ir e prefiro dar a ela a oportunidade já que a minha sogra tem 87 anos e elas minha esposa e mãe são muito chegadas.

16 - BL - Você pretende voltar a morar no Brasil?

Luiz - Para férias acho que há muito para ser conhecido e apreciado no Brasil, mas para moradia permanente não.

17 - BL - O que você diria para alguém que está pensando em ir morar em Nova York? Que dicas daria?

Luiz - Planeje sua vinda, pense em uma atividade profissional em demanda nos EUA que você faria bem e poderia gerar recursos nos seus primeiros 60 dias nos EUA. Considere a necessidade de ganhar pelo menos $100 por dia por pessoa para se manter em Nova Iorque, então uma reserva financeira enquanto se integra seria necessária. Seja modesto em suas escolhas tentar reproduzir seu habitat em Nova York pode lhe custar muito ou talvez tudo, adapte-se seja flexível, e feche a porta de retorno quando decidir imigrar para os EUA, porque haverá saudades, barreiras culturais, período de aprender para crescer, e um vácuo de pertencimento que poderá abalar sua autoestima, mas diria que o mais importante é colocar Deus em primeiro plano em tudo que decidirmos e fizermos, nestes 18 anos de EUA nada foi fácil e sem Deus seria impossível senão fora os sonhos de 1998-2002 que foram alertas e direções Deus para migrar para os EUA eu já teria colocado os pés pelas mãos muitas vezes neste trajeto.



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